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O OURO (Au)

O progresso das civilizações está intimamente ligado ao progresso da sua metalurgia. Atualmente, os vestígios das civilizações antigas são estudados a partir dos metais entre eles encontrados. Em virtude de sua cor amarela e da sua perdurabilidade, o ouro terá sido utilizado em quase todas as culturas conhecidas.
O ouro, do latim aurum, que significa aurora brilhante, recorda-nos como algumas civilizações pensavam que esse metal fazia parte do Sol e lhe atribuíam propriedades mágicas. Os Egípcios amortalharam com ele os faraós, de modo a garantir a sua chegada ao outro mundo. Na Idade Média, os alquimistas e filósofos tentaram isolar os princípios capazes de converter um metal vulgar em ouro. Posteriormente, foram-lhe conferidos poderes curativos, que se descartariam com o passar dos anos.
Este metal precioso sempre deslumbrou o Homem. Por sua causa se desencadearam guerras e levantaram cidades. O seu valor enquanto sinal de ostentação e poder foi desde sempre ansiado pela maioria dos povos e das culturas. Atualmente, o poder do ouro continua vigente.


Codina, Carles – A Joalharia –
1ª Ed: Setembro 2000 – Lisboa; Editora Estampa Ltd. – 2000
Tradução: Marisa Costa

Foto: Ourivesaria von Jess.

Moedas Gregas (575 - 75 AC);

Museu Calouste Gulbenkian - Portugal

O elemento químico

O ouro é o elemento químico de número atômico 79 e massa atômica 196,97. É um metal do Grupo 1B da tabela periódica, como a Prata e o Cobre.


 

O mineral

O ouro raramente se combina com outros elementos, sendo, por isso, encontrado na natureza geralmente no estado nativo. Cristaliza na forma de cubos e octaedros, mas é muito mais comum encontrá-lo na forma de escamas, massas irregulares (pepitas) ou fios irregulares. É opaco e tem cor amarela típica, mas, quando pulverizado, pode ser vermelho, preto ou púrpura. Seu brilho é metálico, a dureza baixa (2,5 a 3,0) e a densidade muito alta (19,30).
A baixa dureza permite que ele seja facilmente riscado com um canivete ou mesmo com um pedaço de vidro. Devido à alta maleabilidade, quando martelado amassa em vez de quebrar. Se mordido, fica com marcas dos dentes. O brilho não é muito intenso, ao contrário do que muitos pensam. A pirita, é um sulfeto de ferro que, por sua semelhança com o ouro, é chamada popularmente de ouro dos trouxas ou ouro dos tolos. Ela é, na verdade, até bem diferente do ouro. É bem mais leve que ele, não é maleável e seu brilho costuma ser bem mais forte. E, ao contrário do ouro, é comum aparecer na forma de belos cristais.
O ouro ocorre em aluviões e em veios de quartzo associados a rochas intrusivas ácidas. É encontrado também como teluretos e ligas naturais, pois geralmente contém algo de prata. Forma série isomórfica com a prata, ou seja, a mistura ouro-prata pode ocorrer em todas as proporções.
Está muito disseminado na crosta terrestre, geralmente associado ao quartzo ou à pirita. Estima-se haver quase nove milhões de toneladas de ouro dissolvido na água do mar. Um dos poucos elementos com o qual o ouro se combina é o telúrio, formando teluretos. Assim, este metal é encontrado em minerais como krennerita, calaverita e silvanita. A liga com prata chama-se eletro.


 

O metal

O ouro é o mais maleável e o mais dúctil dos metais. Com 1 g desse metal, podem-se obter até 2.000 m de fio ou lâminas de 0,96 m2 e apenas 0,0001 mm de espessura. É bom condutor de calor e eletricidade e não é afetado nem pelo ar, nem pela maioria dos reagentes químicos. Há quem o considere o mais belo dos elementos químicos. Seu ponto de fusão é 1.063 °C.


 

Fontes de obtenção

Os principais minerais fornecedores de ouro são ouro nativo, krennerita, calaverita, eletro, silvanita e pirita. Ele é obtido também na metalurgia de vários metais.
Estudos indicam que o metabolismo da bactéria Ralstonia metallidurans leva à formação de pepitas de ouro.


 

Foto: Ourivesaria von Jess - Peça em Ouro,

Museu Calouste Gulbenkian - Portugal

Foto: Ourivesaria von Jess - Moeda em Ouro - Portugal

Usos

O ouro é usado principalmente em moedas; em segundo lugar, em jóias e decoração. É útil também em Odontologia (hoje muito pouco usado), instrumentos científicos, fotografia e indústria eletrônica. Para confecção de joias, usam-se ligas com 75% de ouro (o chamado ouro dezoito quilates) ou, às vezes, com apenas 58,33% (ouro quatorze quilates). É empregado também em fotografia, na forma de ácido cloro-áurico (HAuCl4), indústria química, ligas com cobre, prata, níquel e outros metais. (...)


 

Principais produtores

É produzido principalmente na África do Sul (11 % da produção mundial em 2006), seguindo-se EUA, Austrália, China e Peru.
Entre 1700 e 1850, o Brasil foi o maior produtor de ouro no mundo, com um total de 16 toneladas no período de 1750-1754, originada predominantemente dos aluviões da região do Quadrilátero Ferrífero, em Minas Gerais. A importância do Brasil continuou crescente até à primeira metade do século XIX, quando perdeu a liderança diante das grandes descobertas de ouro aluvionar da Califórnia, nos Estados Unidos. Entre 1965 e 1996, nossa produção alcançou 877 toneladas, representando cerca de 4% da produção mundial. O ouro brasileiro é extraído principalmente em Minas Gerais e no Pará. Em 2003, a produção foi de 40,4 t e em 2004, de 47,6 t de ouro.
Segundo o Mapa de Reservas de Ouro do Brasil, elaborado em 1998 pelo Serviço Geológico do Brasil, as reservas em ouro brasileiras são estimadas em 2.283 toneladas.

 

Fonte: CPRM – Serviço Geológico do Brasil (www.cprm.gov.br) –
BRANCO,  Pércio de Moraes.  Dicionário de Mineralogia e Gemologia. 
São Paulo: Oficina de   Textos, 2008.


 

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