Foto: Roberto Cattani - (Museu Afro Brasil)
Foto: Roberto Cattani - (Museu Afro Brasil)
A Ourivesaria no Brasil
Em todo o Reino Português, a arte da ourivesaria estava, em tese, restrita apenas a homens livres, de origens europeia. O contato constante dos artesãos com materiais nobres, amplamente empregados na confecção de obras sacras, era o que justificava, já em Portugal, a proibição da manufatura das pessoas tidas como de sangue impuro – no caso português, especificamente judeus e mouros. Essa linha de pensamento chegou ao Brasil e aqui o ofício foi negado a negros e índios – proibição que, na realidade, nunca foi efetiva, já que a mão-de-obra escrava era a responsável pela grande parte dos trabalhos manuais.
O sistema de trabalho baseava-se no modelo das guildas europeias: as oficinas se constituíam de um mestre com seus oficiais e aprendizes; a estrutura era rígida e regulamentada: um aprendiz se elevava a oficial e depois a mestre após anos de aprendizagem e trabalho testados em provas preestabelecidas. Por aqui, no entanto, a teoria divergia da prática, pois por “mestre” era conhecido o ourives mais velho, dono da própria oficina, geralmente experiente e com situação financeira confortável.
Os senhores (aqui vistos como ourives mais abastados) faziam largo uso de aprendizes e escravos, negros e pardos, independentemente desses terem tido seus conhecimentos testados, visando sempre o aumento da produção; o escravo era tido, então, não apenas como uma mercadoria de valor, mas também como um precioso instrumento de trabalho – a ele não cabia nenhum poder de decisão dentro das oficinas e o crédito de tudo que produzia era de seu mestre.
Fonte: Cunha, Laura & Milz,Thomas. Jóias de Crioula /
Jewelry of the Brasilian. São Paulo,
Ed. Terceiro Nome,2011